quinta-feira, 19 de abril de 2012

biografia XXXIV – cidades

I.

na curva dos dias o rio
estendeu suas margens forjou
devagar seu leito
de areia e sombras

moveu encostas carregou
pedras contornou
a montanha sem jamais
afrontá la

solos arruinados enseadas
aterradas sobre
as pontes a brutalidade
dos homens

e o rio das minhas lembranças
engoliu a cidade
e suas imundícies
num dia de chuva



II.


sob as janelas
sinuosas rios e córregos penetram
na noite

casas pequenas espiam
as margens abrigos
mornos nas perdidas
distâncias

homens e mulheres aninham se
na sombra perene
da montanha
mineral

que se estende inteira
no horizonte


III.


rasgadas na poeira ruas
e avenidas sufocam
rios e córregos

casas trepam nos morros
vales se entopem de
lixo esquinas
abandonadas

a montanha exportada
em pedaços um horizonte
inteiro desfigurado


furiosa a chuva continua
engolindo a cidade


Adair Carvalhais Júnior

2 comentários:

Non je ne regrette rien: Ediney Santana disse...

Conheci sua poesia, no poesia net, é gostei muito então estou aqui no teu blog e gostei mais

Adair Carvalhais Júnior disse...

Que bom né Ediney. Espero que continue gostando.

Gde abraço