frágeis os ossos
cedem ao peso
da memória
perdeu se a estrada
que trazia o carro carregado
de brinquedos
onde meu pai se refazia
todos os dias
os pés se arrastam
na opacidade do
corpo as horas
se espessam
perdeu se o cheiro
branco do limoeiro
que se espalhava
pelos quintais da infância
meu pai descansa
na poltrona da
sala os olhos
extenuados
na janela o rio
largo corre entre minhas
mãos a sombra
do que não
termina
Adair Carvalhais Júnior